Amor é sofrimento?

Enquanto a vida vai e vem

Você procura achar alguém

Que um dia possa lhe dizer

-Quero ficar só com você

[antes das seis – legião urbana]

Até que ponto o amor pode se tornar um ato doentio e reconfortante? As coisas podem não correr bem, mas lembranças alimentam um amor antigo, que com o tempo padeceu.

Hoje ele pode te fazer bem, te animar, mas amanhã pode assumir um gosto amargo que nem mesmo memórias de uma época boa podem adoçar. O amor pode ser indigesto, pesado e ao mesmo tempo tentador.

As dores que ele causa vicia como uma droga e quanto mais você consome, menos efeito ele faz.

Talvez por isso a superficialidade tornou-se a droga do momento, você não precisa ir a fundo e não sofre com efeitos colaterais a longo prazo. Basta trocar de amor para que as sensações inicias sejam potencializadas e durem algum tempo. Tempo esse menor que o anterior e assim por diante.

As pessoas definham, se acabam em injurias e lamento. Torna-se difícil saber o que é amor e o que é sofrimento, pois ambos machucam e fazem sangrar.

O que devemos escolher então? Amor? Superficialidade? Os dois?

Não há no mundo alguém que saiba qual a melhor escolha, porém podemos optar pelo que parece ser mais atrativo. Há também a possibilidade de escolher um e no meio do caminho substitui-lo por outro.

Já tentei os dois e ainda me vejo tentando sentir algo que me surpreenda e me encha de vontade para prosseguir. A única coisa que sei é que vivo e aproveito cada momento com a intensidade de um ultimo ato. Vivo como se não houvesse uma continuação para a linha da vida. Vivo para mim e isso tem me bastado.

Não sou hipócrita ao ponto de dizer que não sinto falta do amor, mas também não sou idiota o suficiente pra dizer que desejo sofrer novamente. Talvez tenha me fechado. Talvez nunca tenha conhecido o verdadeiro significado dessa incógnita que assume múltiplos significados.

Dizem que amor não é sofrimento, mas pode ser que o sofrimento seja amor. Sofrimento não existe sem amor, pois só é possível sofrer por quem amamos, nem que seja por amor próprio, isso prova que nos amamos.